terça-feira, janeiro 27, 2009

Nem sempre sou igual

de Alberto Caeiro por Fernando Pessoa

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são da cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,

Reparem bem em mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, grças ao céu e á terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma …