Quebra-cabeças sem uma peça
Tento compreender o que falta
Talvez devesse fazer festa
Se não tivesse ansiedade alta
Quero compreender isto que sinto
Neste momento de súbito, que vazio
Sinto que tudo tenho, nem tudo, minto
Levantar-me destas cobertas, traz frio
Deitado em meu abrigo,
Sinto que não quero acordar
Sinto conforto, mas ainda ligo
Coberto em meu desejar, pensar
Algo aqui dentro me falta
E ao certo não sei o que é
Calor, dor que tanto me exalta
Quero uma Sol na areia para por meu pé
Tenho motivos para estar muito feliz
Mas ao mesmo tempo me vejo só assim
Quero correr nos campos como aquela perdiz
Que sem noção do que está a volta, feliz é sim
Ah esta peça que falta no meu mosaico interior
Sinto que perto está de se completar
Mas temo que outro vento inesperado, traidor
Que venha desde fim de novo me afastar
Ah! A vida, ávida, mais simples seria
Se por vezes não precisássemos pensar
Sim, esta impávida, sedutora, sereia
Que com seus encantos nos puxa para o mar
Um mar desconhecido, um mar de fantasias
Ondas de devaneios, conquistas e mistérios
Ora nos embriaga e enjoa em sua euforia
Ora nos fortalece com seu balanço e alegrias
Quero embalar-me nestas ondas incompletas
Pois completos nunca seremos, acredito
Sendo incompletos, teremos buscas repletas
De supresas, descobertas, sem final veredito
E quem disse que precisamos de um final?
Precisamos sim de uma eterna continuação!
Para garantir que nossa busca seja sempre sinal
De que tudo pelo que vivemos, nunca foi em vão
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